quinta-feira, março 30, 2006

Anabé e Guga (1978, por ai...)


Tudo bem, não tem a Candinha na foto.

Mas esses dois juntos estão simplesmente demais.(Chiquinho)

PS: Há exatos 29 anos, Candinha estava em Campinas vendo chegar o Guga, seu netinho mais novo. Feliz Aniversário, Guguinha! (Fabrício)

segunda-feira, março 27, 2006

Receita da Candinha #11 - Coxinhas de Galinha


Aqui vai a receita das coxinhas da Candinha. A verdadeira, a autêntica, a legítima, a incomparável Coxinha da Candinha!!!

Recheio:
1 peito de frango picadinho
1 tomate picadinho
1 cebola picadinha
2 dentes de alho picadinhos (fazer o quê? Ela me ditou assim...rsrsrs)

Massa:
1 cebola pequena ralada
1 copo de leite
2 colheres de sopa de farinha de trigo
1/2 colher de sopa de manteiga
Ovos batidos (o quanto baste)
Farinha de rosca

Faça um refogado com os 4 primeiros ingredientes. Capriche nos temperos. Deixe esfriar bem. Para a massa, frite a cebola ralada com um pouquinho de manteiga, dissolva a farinha no leite. Leve tudo ao fogo, com o resto da manteiga. Mexa até soltar do fundo da panela. Vá acrescentando mais farinha até dar o ponto de massa. Molde as coxinhas na plama da mão, recheie, passe no ovo, na farinha de rosca e frite.
Sem mistério e deliciosas.
(Thaïs)

Giselda Silvana, Lídia Valdívia



Vó Candinha só teve dois filhos. Mas ajudou a criar os filhos de todo mundo. Tinha tantas crianças pequenininhas na memória que às vezes se enganava:
"Quando eu tive a Thaïs, quando eu tive o Fabrício, quando tua mãe teve o Paulinho, quando eu subia a serra para buscar o Fabinho em São Caetano..."
Também tinha a famosa troca de nomes. Para chamar o mais novo, tinha que recitar os nomes da dinastia inteira, até encontrar o correto. "Ô Chiquinho, Fábio, Fabrício, porra também...". Ou então inventava nomes compostos pouco sonoros: Lídia Valdívia, Giselda Silvana, Thaïs Priscilla...
Aqui vão as fotos dela com os dois bisnetos que ela conheceu, Thiago e Camila. Que pena...ela ia adorar conhecer a Júlia, o Matheus e o Ovo.
(Thaïs Priscilla)

PS: Esses são Julinha, 3 anos, e Rodrigo, 8 meses, dois bisnetinhos da Candinha. (Fabrício)
PS 2.: Acrescentei uma foto do Matheus com o Vivaldo, o Celso e o Fernando. (Thaïs)

Receita da Candinha #10 - Carne Louca Desfiada


Ingredientes - Primeira Parte:
500g de lagarto sem gordura
1 colher de sopa de azeite
1 cenoura ralada
1 talo de salsão picado bem fino (Candinha não usava)
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1 folha de louro
1 1/2 litro de água

Ingredientes - Segunda Parte:
1/2 pimentão vermelho em tiras finas (Candinha não usava)
1/2 pimentão amarelo em tiras finas (Candinha não usava)
1/2 cebola em cubos pequenos
2 tomates sem semente em cubinhos
azeite
Suco de 1 limão
3 colheres de sopa de salsinha

Preparo - Primeira Parte:
Leve ao fogo alto o azeite e doure bem a carne de ambos os lados. Junte os outros ingredientes, por último a água. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar até a carne ficar macia. Retire a carne da panela e deixe esfriar. Desfie com as mãos.

Preparo - Segunda Parte:
Junte todos os ingredientes à carne desfiada, misturando bem. Tempere com sal e pimenta-do-reino e bastante azeite, e deixe marinar na geladeira por no mínimo 6 horas. Retire da geladeira e sirva frio.

PS: Essa Carne Louca desfiada da Candnha nunca conseguia virar a noite na geladeira. Acabava virando recheio para os sanduíches da madrugada de todo mundo. É uma receita delicada, despojada e deliciosa. Aliás, três características que definem bem a Cozinha da Candinha. (Chiquinho)

quarta-feira, março 22, 2006

Piolho Piolho (ou Candinha, a turrona)


É uma surpresa ver tantas fotos da Candinha.

Na verdade, ela odiava tirar fotos e frequentemente saía fazendo caretas, reclamando que a foto ia ser desperdiçada.

Como se pode ver nestas fotos... (Thaís)

terça-feira, março 21, 2006

De Thathah Para Tuvannah



Vamos lá, mais algumas fotos, que a Thaís mandou dedicando à Silvana.

Essas aqui são dos 80 anos da Candinha. Estão cheias de participações especiais. (Chiquinho)

domingo, março 19, 2006

Receita da Candinha #9 - Bolinhos de Cenoura


Ingredientes:
5 ou 6 cenouras grandes bem raladas
4 dentes de alho amassados
1 cebola grande bem picada
Salsinha e Cebolinha bem picadas
Um quarto de uma noz moscada bem picadinha (Candinha não usava)
Pimenta do Reino moída na hora (Candinha não usava)
Azeite
2 colheres de chá de sal
4 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 ou 2 ovos
Óleo para fritar

Mode de Preparo:
Faça um refogado com o azeite, a cebola e o alho, colocando na panela nessa ordem. Mais adiante, acrescente a cenoura. Mexa em fogo médio por 10 minutos, acrescentando aos poucos o sal, a salsinha, a cebolinha, a noz moscada e a pimenta do reino no refogado.

Retire do fogo, espere esfriar um pouco, e então acrescente a farinha, o ovo e mais um pouco de azeite até que a mistura fique meio gosmenta. Experimente a massa para checar se a massa está salgada o suficiente.

Se não estiver ainda no ponto, salgue com shoyu. Vantagens: ajuda a não errar o ponto e mistura mais fácil com a massa nessa etapa do preparo. Bata mais um pouquinho e experimente novamente para ver se agora está no ponto.

Daí é só modelar os bolinhos com duas colheres (para bolinhos maiores) ou então no formato de gnocchi (para bolinhos bem pequenos), passar na farinha de rosca (opcional) e fritar em óleo quente, dourando bem.

Coloque para secar em papel absorvente, e sirva. Rende algo em torno de 30 bolinhos médios, ou 60 bolinhos pequenos

PS: Esses bolinhos eram disputados a tapa sempre que a Candinha fazia. A briga era para experimentar no momento em que eles saíam da frigideira, ainda quentinhos e bem crocantes. Quem chegava tarde sempre levava a pior. A Candinha posava de irritada com a comoção que os bolinhos dela provocavam nos comilões da casa -- todos pouco preocupados se um ou outro integrante da família não estava no lugar certo na hora certa --, mas, no fundo, ela se sentia lisonjeada em ser o agente catalizador de toda aquela contagiante selvageria doméstica. (Chiquinho)

sábado, março 18, 2006

Receita da Candinha #8 - Strogonoff da Candinha


INGREDIENTES:
1k de filet-mignon
300g de champignons em conserva fatiados
2 cebolas grandes picadas
3 dentes de alho amassados
250ml de creme de leite fresco
3 ou 4 colheres de sopa de polpa de tomate
1 cálice pequeno de conhaque (na falta, Candinha usava vinho tinto seco, em último caso rum ou cachaça)
1 colher de sopa de molho inglês
1 colher de café de Pimenta-do-reino moída na hora (Candinha não usava)
Sal a gosto
Azeite

MODO DE PREPARO:
Corte o filet-mignon em várias tiras finas, depois corte cada bife em tiras de 4 cm aproximadamente. Coloque numa tigela e tempere com sal e pimenta-do-reino.

Separe uma panela média e uma penela grande

Acrescente azeite na panela média e aumente o fogo. Junte uma parte da carne picada e espere dourar. Mexa um pouco para dourar todos os lados. Retire a carne já refogada da panela, coloque mais um pouco de azeite e junte as tirinhas de carne restantes. Se você colocar toda a carne de uma só vez, a carne esfriará a panela e irá cozinhar no próprio líquido, deixando-a dura.

Coloque um pouco de azeite na panela grande e leve ao fogo baixo para esquentar. Acrescente a cebola picada e refogue por 2 minutos. Junte o alho e refogue por mais 1 minuto. Junte a carne, os champignons, a polpa de tomate, o creme de leite e deixe cozinhar por 2 minutos, mexendo sempre.

Junte o o molho inglês, e por último o conhaque. Cozinhe por mais 1 minuto e retire do fogo. Verifique os temperos e sirva imediatamente com arroz branco e batata palha. Ou então sirva de acordo com a receita original, com talharim cozido ou talharim ao alho e óleo. Fica delicioso. Rendimento : 6 a 8 porções.
PS1: Os russos que inventaram esse prato eram cozinheiros de um nobre chamado Conde Stroganoff. Quando fugiram da Revolução Bolchevique para a França, esses cozinheiros aprimoraram o prato e resolveram homenagear seu antigo patrão, dando seu nome a ele. Por algum motivo obscuro, quando o stroganoff aportou por aqui virou strogonoff, e, mais adiante, estrogonofe. Hoje, é referëncia de “comida chique” para o nosso proletariado, e, talvez por conta disso, acabou estigmatizado como “prato cafona” por setores bem cretinos da nossa classe média. Claro que não é nem uma coisa nem outra. O strogonoff é, na verdade, um belo picadinho com um belo pedigree. E, a julgar pelo histórico de vida de seus criadores, trata-se de uma tremenda “pièce de résistance”. Literalmente falando.
PS2: O strogonoff da Candinha era delicioso. Como ela cozinhava para um batalhão, usava com frequëncia contra-filet, alcatra ou patinho, para render mais. Ficava tão bom quanto o filet mignon, pois a Candinha era craque no corte das carnes, e ninguém sentia a diferença. De vez em quando, substituia o filet pelo peito de frango em cubos, e o champignon por milho verde em conserva. Quando a Candinha optava por isso, colocava menos polpa de tomate no preparo, além de dispensar o acréscimo de molho inglês. Eu, pessoalmente, não gostava muito quando ela fazia isso, mas me empanturrava mesmo assim. Fazer o quê, né?
PS3: Uma recomendação: Nunca sirva Strogonoff com Arroz à Grega. É coisa de cafajeste. Parece fala da Candinha. Mas não é...é minha mesmo. (Chiquinho)

terça-feira, março 14, 2006

Candinha, a noveleira

Sempre que se aproxima a estréia de uma telenovela, e as emissoras mostram aquelas longas propagandas apresentando seus elencos estelares, ouço secretamente uma voz me dizer: “Essa vai ser boa”. É o eco da voz da Candinha. Noveleira incorrigível, alimentava a estranha esperança de que a próxima novela sempre seria melhor que a que passou. E apostava: “Essa aí vai ser boa”. Candinha adorava novelas e acompanhava todas as que conseguia: a reprise da tarde, no Vale a Pena Ver de Novo, a novela das 6, a das 7, a das 8. Quando a Rede Manchete apresentou bons folhetins às 21h30 (Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão), lá estava a Candinha sentada em sua poltrona de vime, diante da televisão.
Aprendi a gostar de novelas com ela. Quando eu tinha uns cinco anos, no comecinho dos anos 1970, lembro que ela acompanhava as tramas da TV Record numa fase em que a rede paulista tinha um elenco de primeira: Nathália Timberg, Lilian Lemertz, Rolando Boldrin, Joana Fomm ... Ficaram grudados na minha memória aqueles títulos melodramáticos: O tempo não apaga, Os Deuses estão mortos, Quero Viver, Vendaval. Candinha dava duro na cozinha, cuidava da casa e dos netos, mas num aspecto exercia todas as prerrogativas de matriarca: quem mandava na televisão era ela e todo mundo respeitava.
Quando a Record decaiu, nos idos de 1972, Candinha girou o seletor da TV do canal 7 para o canal 8, que transmite a Globo em Santos, e nunca mais voltou atrás. Vimos juntos grandes novelas: Escalada, O Casarão, Pecado Capital, O Astro, Dancing Days, Espelho Mágico, Baila Comigo, Roque Santeiro, Sol de Verão. A última foi O Outro, em 1987, quando eu saí de casa (a família agora morava em Brasília) e fui trabalhar em São Paulo. Mas sempre que uma nova novela se avizinhava, havia alguma menção em nossos telefonemas.
Um dia – Candinha já tinha se mudado para Niterói – soube que ela andava deprimida. A catarata avançava e minha avó já não conseguia enxergar direito. Seguia ouvindo as novelas, como fazia nos anos 40 e 50, quando não perdia as novelas da Rádio Nacional, cujos atores, como Paulo Gracindo, acabariam migrando para a TV. Resolvi comprar uma TV de 29 polegadas, pus no porta-malas do meu Escort, peguei a Dutra e fiz a entrega em Niterói, num 18 de novembro, aniversário da Candinha, acho que de 1995. Ninguém merecia uma TV de tela grande no mundo mais do que ela. Logo a Candinha operou a catarata, voltou a enxergar bem – e seguiu assistindo suas novelas.
Quando ela foi embora, em agosto de 2000, tinha acabado de começar Laços da Família, de Manoel Carlos. Candinha se mostrava algo escandalizada com a trama em que a filha prometia roubar o namorado da mãe. Mas era só charminho. Aquilo não era novidade para quem já tinha visto tanto folhetim. Me lembro de comentar com Candinha no hospital, num momento em que ela teve uma melhora: “Essa aí vai ser boa, hein vó?”
(Fabrício)

segunda-feira, março 13, 2006

Candinha, a paranormal

Candinha era boa de rezas também. Tinha uma que tirava mau olhado até de tronco seco. Não sei no que consistia a oração, ela nunca contou prá ninguém (parece que a única pessoa que sabe é a tia Lídia). Mas sei que levava um prato com água, um fio de azeite e uma folha de louro. Ela dizia as tais palavras mágicas e, se a pessoa merecedora da oração estivesse com "mau olhado", a folha de louro afundava e o azeite se dissolvia na água. Sumia, desaparecia, um fenômeno impossível de acontecer. Se não estivesse, não dissolvia; aí, podia levar o alvo da reza ao médico, porque o problema era sério. Lembro de uma vez que eu estava em casa, meio largada, desanimada, sem querer ir prá faculdade e, de repente, veio uma vontade incontrolável de ir para a aula. Cheguei na cozinha a tempo de vê-la desarmar o circo. Aí, eu perguntava: Vó, o que você andou fazendo? E ela respondia, com uma risada marota: "Rererere".

Ela também via e escutava coisas estranhas e sentia energias negativas. Mas a mais legal é que ela me contou, uma vez, que o Gaspar continuou vindo dormir com ela durante muitos anos, depois de morrer. Só parou quando nos mudamos prá Brasília.

Aica, meu!
Thais

domingo, março 12, 2006

A Candinha certamente teria ficado muito orgulhosa ao receber esse convite

Mesa 19a Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Quarta-feira, 15 de março, às 19 horas no Salão A - Mezanino comemorando os 70 anos da publicação de

SOBRADOS E MUCAMBOS de Gilberto Freyre

participação dos professores: Roberto DaMatta, Élide Rugai Bastos, Enrique Rodríguez Larreta e Gustavo Henrique Tuna.

O evento marcará, também, o lançamento do Segundo Concurso Nacional de Ensaios - Prêmio Gilberto Freyre - 2006/7


Legal, Guga, parabéns (Chiquinho)

sábado, março 11, 2006

Candinha em família

Candinha em dois momentos:



No começo dos anos 40: Candinha com Valdívia (de laço no cabelo), Lídia com Nivaldo no colo, Vivaldo (de boné), e os pais de Candinha, Adelaide e Francisco.






No começo dos anos 90, num de seus aniversários: Da esquerda para a direita: Chico, Thaís com Gabi no colo, Valdívia, atrás da Candinha, atrás da Priscilla, e Vivaldo, à direita.

Receita da Candinha #7 - Bolo de aniversário




Candinha fez centenas de bolos de aniversário para pais, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, amigos e, se teve a chance, até para os dois bisnetos que ela conheceu (não tenho certeza, pois o Thiago e a Camila moravam longe). A receita básica ostentava dois bolos de chocolates separados por um recheio de baba de moça e cobertos por um glacê branco, decorado com o garfo em forma de mar revolto. Havia variações do bolo. Com freqüencia, um dos bolos era de laranja e o outro, de chocolate. A receita que tenho traz dois andares de chocolate.

Ingredientes do bolo
3 ovos (bater as claras em neve)
3 xícaras de farinha de trigo (é bom peneirar)
2 xícaras de açúcar (também peneirar)
1 colher de sopa de fermento em pó (Candinha só usava Royal e também peneirava)
1 copo de leite
6 colheres de chocolate
1 tablete de claybon (que hoje chamam de "margarina culinária")

Modo de fazer
1) Bater o tablete de claybon com as gemas e o açúcar, uma xícara de cada vez. Juntar a farinha de trigo e o pó Royal e o leite e bater com o chocolate. Por último, juntar as claras em neve.
2) Acender o fogo e começar a bater o bolo.
3) Colocar a massa em duas assadeiras redondas untadas.
4) Leve ao forno por 20 minutos em fogo médio.

Ingredientes e modo de fazer o recheio - baba de moça
1) Numa panela, coloque 1 vidro de leite de coco, 2 xícaras de açúcar, peneirar 1 colher (de sopa) de farinha de trigo, 4 gemas desfeitas na peneira.
2) Mexer e engrossar em fogo baixo. Quando esfriar, vira um mingau.
3) Colocar o recheio sobre um dos bolos. Em seguida, coloca-se o segundo bolo por cima do primeiro.

Glacê
1) Bater 4 claras em neve - bem durinhas
2) Numa panela, ao fogo, juntar 2 xícaras de açúcar, 1 xícara de água, gotinhas de baunilha. Deixar ferver até o ponto de fio. Juntar as claras em neve à calda quente.
3) Levar à batedeira. Se a calda não cair da pá, já é hora de cobrir o bolo. (Fabrício e Sibelle)

sexta-feira, março 10, 2006

Mais Fotos, Mais Receitas, Mais Histórias da Candinha...

Quem tiver mais fotos, e puder digitalizar, maravilha.

E quem lembrar de mais histórias legais dela, é só despejar aqui.

Para usar um termo clássico do linguajar dela: "isso aqui está saindo melhor que a encomenda". (Chiquinho)

quinta-feira, março 09, 2006

Receita da Candinha #6 - Bolo Cacilda


Até parece que a Candinha só fazia pratos salgados... Ela preparava bolos quase todos os finais de semana. Nos aniversários, assava bolos de dois andares com recheio de baba de moça e cobertura de glacê imitando mar revolto. A exceção era o aniversário dela, quando cismava de fazer só um bolinho de fôrma de buraco (quando tinha festa e convidados, ela se rendia, mas isso era raro). A receita abaixo é uma das mais simples e gostosas do repertório da Candinha.


No liqüidificador:
3 ovos inteiros
1 copo de leite
2 copos de açúcar
3 colheres de margarina

Bater e acrescentar:
2 copos de farinha
1 colher de fermento em pó (não é merchandising, mas ela só usava Pó Royal)
1 pitada de sal

Unte a forma com manteiga e farinha.

Leve ao forno por cerca de 15 minutos (cuidado: assa rápido)

Receita da calda (fria):
1 e 1/2 copo de leite
1 copo de açúcar
50 gramas de coco ralado

Depois de pronto:

Fure o bolo com um garfo. Despeje a calda por cima da assadeira. (Fabrício e Sibelle)

quarta-feira, março 08, 2006

Candinha No Cinema

Lembro de assistir "ET" com a Candinha e a Anabé no antigo Cine Karim, na 111 Sul (hoje um templo da Falange Renascer), em Brasília.

Na saída, a Candinha tentava disfarçar o quanto tinha ficado emocionada com aquelas bicicletas voando, dizendo para a gente "Ah...quanta bobagem" com a voz ainda meio embargada.Lembro também dela rachando de rir no Cine Brasília, na 107 Sul, vendo o Luís Fernando Guimarães pelado, vestido de anjo, e tendo que entrar em cena de pinto duro num filme de sacanagem inspirado em "Barbarella" que rola dentro do "Bar Esperança", pequena obra prima do Hugo Carvana.
Na volta para casa ela continuava dando gargalhadas. Aliás, sempre que ela via o Luís Fernando na TV acabava lembrando daquela cena e começava a rir sozinha. Aparentemente do nada. E ela ficava muito puta porque toda vez que "Bar Esperança" passava na TV, cortavam aquela cena engraçadíssima. (Chiquinho)

saudades...


A fama de boa cozinheira da Candinha é inegável. Mas nem tudo eram receitas, ela tinha outras formas de mostrar seu carinho. Nós duas tínhamos uma relação muito próxima, ela já morava com meus pais quando eu nasci e esteve presente durante toda a minha vida. Vivemos juntas na mesma casa por vinte e cinco anos. Desde pequena, nós tínhamos um passeio só nosso, que era no dia em que ela ia ao banco receber a pensão. Ainda em Santos, ela sempre me levava junto, de ônibus ou de táxi lotação. Quando resolvia levar o Fabrício, mentia dizendo que ia em outro lugar, para eu não ficar com ciúmes. Para mim, era quase um ritual, eu adorava. Ela colocava o dinheiro dentro da carteira de identidade, que era a mesma desde 1930, ia me mostrando os lugares da juventude dela e me contando histórias. Depois, a gente ia lanchar no Jamblam e andar de escada rolante na Americanas. Ela nunca andava, morria de medo, tinha a impressão de que ia cair. Tempos depois, já velhinha, eu é que a levava ao banco, furava a fila para ela não ter que esperar e quebrava o pau com a insensibilidade dos caixas.
Dividi o quarto com ela a vida toda. Era para a cama dela que eu pulava, à noite. Era no colo dela que eu fazia xixi dormindo e ela agüentava molhada para não me acordar. Foi ela quem me levou prá levar pontos no queixo, que voltou chorando do oculista quando descobriu que eu ia precisar usar óculos, quem me buscava na escola, quando eu era pequena. Depois que cresci, ela ficava me olhando da janela até eu entrar no colégio. Na saída, assim que eu apontava na rua, já via o vulto dela me esperando na mesma janela, para me ver atravessar a rua. Ela fazia comidinhas especiais prá mim: não botava banana no canto do bolo prá eu poder comer também, catava todo o agrião da minha sopa e jurava de pés juntos que não tinha colocado leite no mingau de maizena, ou nabo na sopa de legumes. Os meus bolinhos de cenoura eram os mais pretinhos e eu sempre ganhava mais pastéis do que os outros, porque ela salvava uns prá mim, escondido. Quando eu voltava da escola, na hora do almoço, ela já me recebia dizendo: adivinha o que eu fiz prá você hoje...Fizemos muitas viagens juntas, eu sempre ia com ela prá Campinas, nas férias. Numa dessas viagens, enterrei as unhas no braço dela, de medo do avião. Foi com ela que eu saí de Brasília, quando nos mudamos prá Niterói. Foi com ela que eu viajei para Santos, para me casar. Quando viajei de avião para São Paulo, para me despedir dela, pela primeira vez não tive medo. Tinha a certeza de que, se o avião caísse, ela estaria do outro lado me esperando.
Ainda hoje, quando acontece alguma coisa importante, por um momento, uma fagulha de pensamento, eu ainda tenho o reflexo de pegar o telefone para contar prá minha avó. Pena que logo passa e eu me lembro que agora as formas de contato com ela são outras.
Um beijo, vó.
Thais

Receita da Candinha #5 - Pizza da panela preta


A panela preta foi presente da Margarida e a Candinha soube explorar seu potencial com maestria. Vovó fazia as pizzas aos domingos. Quando eu era menina, acompanhava o processo todo e ficava vigiando para registrar o momento exato em que a bolinha ia boiar. Era a senha para começar a assar as pizzas. Depois que a panela esquentava, era uma atrás da outra. A gente ia comendo e a vovó ficava só olhando, feliz de ver aquele monte de esganados processar em dez minutos o que ela havia levado a manhã inteira prá fazer. Depois, a gente cresceu e todo mundo queria levar embora a tal panela. Reclamei tanto que minha mãe achou uma parecida no brechó e me deu. Só falta juntar a família para comer tanta pizza.
Se você não tiver a felicidade de possuir uma panela preta, dá prá fazer no forno. A massa fica alta, parecida com a da Pizza Hut.

Ingredientes:
1 panela preta de ferro
1 tablete de fermento fleischmann
2 colheres de sopa de assúcar( ela escrevia assim)
1 ovo
1 xícara de café de azeite
1 copo de leite
1 copo de água
sal, o quanto baste (também era uma expressão que ela usava)
farinha de trigo, também o quanto baste.

Molho:
tomates batidos no liquidificador com cebola e alho (sem cozinhar, o molho é cru mesmo)

Dissolva o fermento num pouco do leite morno. Junte o resto do leite, a água, o açúcar e farinha, fazendo uma esponja meio mole, com textura de panqueca. Coloque numa tigela, embrulhe num pano de prato e guarde num lugar quente. Duas horas depois, junte o ovo sem bater, o sal, o azeite e misture bem. Acrescente mais farinha, aos poucos, até a massa desprender das mãos. Abra a massa bem fina, corte os círculos com a tampa da panela e deixe descansando sobre panos de prato. Coloque uma bolinha da massa num copo d´água e só comece a assar quando a bolinha boiar. Esquente um fio de azeite na panela, coloque a rodela de massa, cubra com molho de tomate e mussarela.

Deu água na boca, só de lembrar.... (Thaís)

terça-feira, março 07, 2006

Receita da Candinha #4 - Cuscuz da Candinha


Esse é outro clássico da Vó Candinha, um complemento de muitos almoços de domingo.

No liqüidificador:
2 cebolas em rodelas
3 tomates divididos em quatro pedaços cada um
4 dentes de alho
Bater bem


Na panela:
Esquentar 1/2 copo de azeite
Despejar os temperos, mexendo aos poucos.
Acrescente 1 lata de ervilhas (lavadas), 1 lata de palmito e 1 lata de atum ou sardinhas
Coloque 500 gramas de farinha de milho. Por fim, acrescente azeitona, salsa, cebolinha e uma folha de louro.
O ponto é a folha de louro limpa.

Despeje na forma de buraco sem untar.
Espere esfriar.
Pode-se decorar o fundo da fôrma com tomate, sardinha ou outro ingrediente decorativo.

(Fabrício e Sibelle)

Fiel Depositária


A Candinha, apesar de brasileira, nunca se negou a ser fiel depositária e divulgadora eventual de alguns termos tramontinos simplesmente sensacionais, de tão pitorescos.

Um dos que mais me intrigava era SÓ DANDO COM UM GATO MORTO...

Fico imaginando um português bem cutrucão espancando os filhos com o pobre do gato recém falecido -- ou quem sabe até um gato já falecido há um bom tempo, vai saber...

Enfim, a Candinha parecia ter apreço por esse tipo de herança cultural da terrinha. Que ela, por sinal, nunca conheceu (Chiquinho)

segunda-feira, março 06, 2006

Pérolas da Candinha


Candinha tinha algumas frases bombásticas, de efeito devastador. Outras eram hilárias. Quem lembra? Aqui vão algumas:

- Ou bem queijo, ou bem manteiga...
- A filha do meu pai não lhe mostra os dentes (para os vizinhos ou qualquer outra pessoa que não merecesse sua simpatia)
- Tem muita coisa furada esse ano, ano que vem tem mais... (Servia prá qualquer coisa. Pode-se trocar o furada por amassada, mexida, passada, qualquer verbo no particípio dá certo e o sentido será sempre o mesmo)
- Pois iec ( é, com sotaque carioca...)
- Prá quem é, bacalhau basta...
- Tira uma linha...
- Diz isso cantando, borboleta ( essa é uma história do tio Maneco...)
- Faz um arroz prá ele, Thais, não aleija!
- Pavê é sobremesa de malandro!

Que saudade...Quem sabe mais? (Thaís)

Tem essa também:
Deixa que ele vai descalço para a cama (Consolo para o irmão que ia reclamar do outro para a Candinha). Fabrício

Foto Candinha # 6 (Com Dona Valdira e Tia Maria - 1997)

clique na foto para ampliá-la

A barriga que faz participação especial na lateral esquerda da foto é provavelmente do Tio Júlio (Chiquinho).

domingo, março 05, 2006

Receita da Candinha #3 - Rocambole de Carne Moída


Tenho quase todas. Às vésperas de me casar, fiquei vários dias com ela me ditando as receitas dos meus pratos preferidos. Aqui vai mais uma...

1/2 kg de carne moída
2 dentes de alho
1 cebola picadinha
1/2 chícara (no tempo dela, era assim que se escrevia... de vez em quando ela escrevia chávena :)) de salsinha
1 pão molhado em meio copo de leite
1 ovo
3 colheres de farinha de trigo
Farinha de rosca
Mussarela, presunto, cenoura para rechear
Fatias de bacon ou de presunto para a cobertura

Tempere a carne com o alho, a cebola, a salsinha e sal. Acrescente o pão, o ovo e a farinha de trigo e amasse bem. Passe farinha de rosca no papel manteiga ou filme plástico, abra a carne, recheie a gosto, deixe a emenda prá baixo e faça o rolo com a ajuda do papel manteiga. Aperte bem, cubra com o bacon e leve para assar em forno quente, com papel alumínio por vinte minutos. Retire o papel alumínio e deixe assand até o bacon dourar. Dá um rolo, o que para os esfomeados lá em casa significava umas duas porções, no máximo. (Thaís)

sábado, março 04, 2006

Receita da Candinha #2 - Bolo Salgado de Sobras de Geladeira


Ingredientes

Para a massa:

- 15 colheres de sopa de farinha de trigo
- 1 xícara de Óleo Vegetal
- 2 colheres de sopa de Fermento Royal
- 2 ovos (para preparar as claras em neve)
- 3 colheres de Queijo Parmesão ralado na hora
- 2 xícaras de leite
- 1 tomate pequeno cortado em cubos
- Sal a gosto

Para o recheio:
- 2 ovos cozidos
- Um pote pequeno de palmito
- 2 latas de sardinhas com molho de tomate
- 1 lata de ervilhas
- 20 azeitonas verdes picadas
- Meio pimentão vermelho bem picadinho
- Salsa e cebolinha picadas,
- Azeite, Sal e Pimenta do Reino a gosto

Modo de preparo

Bata as claras em neve na batedeira.
Depois junte as gemas às claras em neve
Acrescente o óleo e a farinha de trigo, seguido das duas xícaras de leite, do fermento e do parmesão.
Bata bem todos esses ingredientes na batedeira até virar uma massa bem mole

Numa tigela à parte, junte todos os ingredientes para o recheio e tempere a gosto.

Por último, unte uma assadeira com óleo vegetal, para depois derramar sobre ela metade da massa mole.
Em seguida, jogue por cima da massa mole os ingredientes para o recheio.
Então, acrescente os ingredientes para o recheio, e por último, cubra os ingredientes com a outra metade da massa mole.
Leve ao forno quente por aproximadamente 20 minutos.

Quando estiver pronto, corte em pedaços e sirva.

PS1: Essa receita leva sardinha e palmito, mas para a Candinha ela tinha uma função bem frugal, pois podia receber qualquer ingrediente que estivesse sobrando na geladeira. Lembro de vê-la fazer com carne moída e vagem picada, com carne moída e chuchu, com sobras de frango, sobras de peixe, salsicha picadinha, legumes picados, etc. etc. etc..

PS2; A Candinha tinha o hábito de dispensar a batedeira e fazer todo o preparo no liquidificador. Batia a salsinha e a cebolinha junto com a massa, e com isso o bolo salgado acabava virando uma torta verde. Visualmente ficava bem interesante, ainda mais se a intenção fosse comemorar o Dia de São Patrício à moda da Irlanda.Mas a diferença era só visual. O sabor permanecia quase o mesmo. Daí, fica ao gosto de cada um (Chiquinho)

Foto Candinha #5 (Com Margarida em Brasilia)

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Candinha e Margarida juntas, Agosto de 1985 (Fabrício).

Foto Candinha #4 (Familia Reunida, 1950)

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Foto feita para o Sr. Francisco Simões mostrar sua família aos parentes em Portugal (era a primeira vez que voltava à terrinha). Também deve ser a última foto da Candinha antes de ficar viúva. Quando ele voltou de Portugal, o genro Gaspar já havia morrido (Fabrício).

Foto Candinha #3 (O Casamento)

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Candinha e Gaspar. O ano é 1930 (Fabrício).

Foto Candinha #2 (com Chiquinho na jardim de casa)

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Foto Candinha #1 (com Priscilla e Fabricio)

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Receita da Candinha #1 - Bifes de Fígado


Ingredientes:

1 kilo de fígado de boi (cortado em 8 ou 10 bifes nem muito grossos, nem muito finos)
8 dentes de alho
1 folha de louro
1 copo de 200 ml de suco de limão
3 colheres de sopa de vinagre
Salsinha bem picada
Meia noz moscada ralada
Sal e pimenta a gosto
Óleo Vegetal (de Girassol ou Canola, se possível)


Preparo:

Coloque os bifes de fígado para marinar em uma tigela com limão, vinagre, azeite, dentes de alho cortados em rodelas, louro, salsinha picada, sal e pimenta.

Deixe a tigela coberta na geladeira de um dia para o outro, ou durante algum tempo, por no mínimo 8 horas e no máximo 12 horas.

Na hora H, leve os bifes marinados à frigideira com óleo razoavelmente quente (120 graus, o equivalente a fogo médio) e deixe fritar durante dois minutos.

Depois disso, tire-os da frigideira, levante a temperatura do óleo para algo em torno de 180 graus, espere dois minutos e coloque-os para fritar mais um pouco, até começarem a dourar. Quande estiverem com cara de prontos, pode ter certeza: eles estão prontos. Tire-os da frigideira e coloque-os no escorredor de óleo.

Abaixe a temperatura do fogão novamente, espere dois minutos até o óleo estabilizar numa temperatura mais baixa, e repita todo o procedimento outra vez, e outra, e mais outra, até acabarem os bifes na tigela.

Parece viadagem, mas com isso o interior dos bifes permanece tenro, e a parte externa fica bem tostadinha.

Então, sirva com rodelas de limão e batatas e cebolas cozidas, sempre com quantidades estúpidas de azeite.
Ou com batatinhas fritas à moda portuguesa e molho de cebola ao vinagre e alho. Com muito azeite, claro.
Ou ainda com purê de batatas, alho frito no azeite e salada de cebola.

Tanto faz, o importante é servir os bifes de fígado com batatas e cebolas.

PS: A Candinha gostava de preparar bifes de fígado empanados. A receita é basicamente a mesma. A diferença é que ela tirava os bifes marinados da tigela e, antes de levá-los à frigideira, passava um por um num pratinho com farinha de trigo. Não se preocupava em ficar fazendo aquele malabarismo com a temperatura do óleo. Fritava o tempo todo em fogo médio e pronto, dava sempre certo e os bifes ficavam deliciosos.

PS: Curiosamente, a Candinha não gostava de fritar o fígado no formato de iscas, que é o mais popular por aí. Talvez porque as chances do fígado endurecer no processo -- por corte mal feito, ou por excesso de tempo na frigideira -- fossem maiores. Aliás, essa é uma das características da cozinha da Candinha: ela não corria riscos desnecessariamente. Até porque quem cozinha para um batalhão não pode ser dar ao luxo de correr riscos. Sabedoria é isso aí. (Chiquinho)