
Candinha era boa de rezas também. Tinha uma que tirava mau olhado até de tronco seco. Não sei no que consistia a oração, ela nunca contou prá ninguém (parece que a única pessoa que sabe é a tia Lídia). Mas sei que levava um prato com água, um fio de azeite e uma folha de louro. Ela dizia as tais palavras mágicas e, se a pessoa merecedora da oração estivesse com "mau olhado", a folha de louro afundava e o azeite se dissolvia na água. Sumia, desaparecia, um fenômeno impossível de acontecer. Se não estivesse, não dissolvia; aí, podia levar o alvo da reza ao médico, porque o problema era sério. Lembro de uma vez que eu estava em casa, meio largada, desanimada, sem querer ir prá faculdade e, de repente, veio uma vontade incontrolável de ir para a aula. Cheguei na cozinha a tempo de vê-la desarmar o circo. Aí, eu perguntava: Vó, o que você andou fazendo? E ela respondia, com uma risada marota: "Rererere".
Ela também via e escutava coisas estranhas e sentia energias negativas. Mas a mais legal é que ela me contou, uma vez, que o Gaspar continuou vindo dormir com ela durante muitos anos, depois de morrer. Só parou quando nos mudamos prá Brasília.
Aica, meu!
Thais
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