sexta-feira, agosto 25, 2006

Um sonho curioso


Sonhei com a Candinha hoje.

Cheguei em casa na hora do almoço, comi alguma coisa ligeira e deitei para tirar uma pestana regulamentar até as 2 da tarde.

Então, tocou a campainha e eu fui atender. Era a Candinha, com uma mala na mão, que eu teria esquecido em algum lugar e ela veio me trazer. Sentou para conversar comigo, falamos de um monte de coisas -- como se tivéssemos nos encontrado há pouco tempo, eram todos assuntos recentes --, ela disse que estava indo até a casa da Tia Lídia, e que depois iria até a Tia Maria. Disse a ela que a Tia Maria iria gostar de revê-la, pois a vida dela mudou muito desde a morte do Tio Júlio, e ela concordou. Seguiu por aí. Foi uma conversa como tantas outras que tivemos. Nada demais, nada carregado de emoção, tudo muito objetivo e determinado, mas bastante confortante.

Quando acordei, saí procurando por ela pela casa, e só então caiu a ficha de que tinha sonhado. Foi um sonho tão claro e tão pé-no-chão que em momento algum me passou pela cabeça o fato dela já não estar mais por aqui há quase 6 anos.
Um detalhe curioso. Semana passada, minha chave quebrou na fechadura da porta que dá para a sala daqui do apartamento. É uma fechadura antiga, com uma chave longa, que eu já tentei duplicar várias vezes e nunca consegui, pois o padrão daquela chave não é mais adotado por nenhum chaveiro que eu conheça. Eu sabia que no dia em que aquela chave quebrasse, eu fatalmente teria que trocar o miolo da fechadura. E vou fazer isso agora, na próxima semana, depois de receber. Mas, por conta disso, fiquei esses dias todos entrando e saindo de casa pela porta da cozinha. Que não abre por completo, pois esbarra na geladeira. E que, em circunstâncias normais, eu nunca uso.

Pois eu recebi a Candinha aqui em casa justamente pela porta da cozinha. (Chiquinho)

sábado, agosto 19, 2006

Órfãos da Candinha 2

Esses dias de agosto nascem diferentes do resto do ano. Trazem um certo peso, logo pela manhã, um pensamento recorrente : "faltam poucos dias..." Até que o dia chega e te obriga a parar e fazer o balanço dos últimos seis anos. Tudo o que você viveu nos últimos tempos e não pôde compartilhar com a Candinha e todas as lembranças do carinho dela por todos nós. É muita saudade... Hoje resolvi prestar um homenagem silenciosa: fiz um quibe! E mando a receita - original, é claro. Se não é possível matar as saudades, se a tristeza pela falta que ela faz é inevitável, que a gente pelo menos possa perpetuar sua arte.

Quibe Assado

1/2 kg de patinho magro moído
250 g de trigo para quibe
1 cebola
1 pimentão
sal
azeite
limão
1/2 tablete de margarina

Deixe o trigo de molho até crescer ( mais ou menos meia hora). Coloque a carne num recipiente fundo. Pique a cebola e o pimentão bem miudinho, ou então bata no liquidificador ou processador, sem água (no caso de ter alguém que não tolera cebola). Acrescente o sal, o limão e o azeite. Esprema o trigo para escorrer a água e vá amassando com a carne, incorporando bem os ingredientes. Colque numa assadeira, faça marcações em losangos na superfície, ponha pedacinhos de manteiga por cima e leve para assar coberto com papel alumínio em forno quente pré-aquecido, por 15 minutos e depois descubra para dourar. ( Thaïs)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Órfãos da Candinha

Candinha,
A gente continua por aqui, seguindo o seu exemplo, cuidando de tudo o que você plantou e sentindo muita saudade.

terça-feira, maio 30, 2006

Os anos de casamento



Candinha e família, em 1950



Candinha se casou com Gaspar em 1930, na catedral de Santos. Ela tinha 18 anos. Ele, 20. O primeiro ano de casamento foi de rara intimidade. Os dois foram morar numa casa alugada, em parceria com outro casal amigo, Lindolfo e Eulália – que se tornariam contraparentes. A irmã de Eulália, Tereza, se casaria com Maneco, irmão de Candinha. A filha mais velha de Eulália, Norma, seria noiva de Vivaldo, o filho mais velho de Candinha (a história do noivado desfeito rende uma história que não cabe aqui). Um casal ficava na parte de cima da casa, o outro na parte inferior.
Mas o pai de Candinha, o garçom lusitano Chico Simões, não sossegou enquanto não convenceu o jovem casal a ir morar em sua casa, no bairro do Campo Grande, em Santos (a casa está de pé até hoje, mas tinha tantos anexos foi dividida em duas). Mais tarde, o irmão mais novo de Candinha, Júlio, também se casaria com a bela Maria Sâmia, filha de sírios, e constituiria família na casa, que chegou a agregar umas doze pessoas de três gerações vivendo num labirinto de puxados.
Na casa cheia de gente, Candinha assumiu o fogão. Comia-se bacalhau duas vezes por semana, e o trivial nos outros dias. O cardápio foi enriquecido por contribuições sírias, como quibes, esfihas, tabules, trazidos por Maria Sâmia, e da cozinha brasileira. A mãe de Gaspar, Rosa Eufrázia do Amaral, descendia de caiçaras e comia com as mãos.
Candinha perdeu a primeira filha, que morreu num parto complicadíssimo. Vivaldo nasceu em 1933. Valdívia, minha mãe, em 1938. Gaspar ganhava bem. Trabalhava como vendedor da Texaco. Tinha um padrão de vida bem acima da média – nos anos 1940, tinha até automóvel. O casamento era à moda antiga: Candinha ficava em casa cuidando dos filhos, Gaspar assumia o papel de provedor. Era um farrista. Há fotos dele com amigos, todos vestidos de mulher, brincando o Carnaval, e se conta que às vezes saía à noite para dançar e só aparecia de manhã. Candinha passava seu terno risca de giz para ele sair à noite e ficava em casa, esperando-o aparecer.
Era submissa, mas até certo ponto. Depois do casamento, parou de trabalhar como costureira por imposição do marido. Pois quando ele chegava alto em casa, ela aproveitava para raspar sua carteira e reforçar suas economias. Quando Gaspar acordava e perguntava do dinheiro sumido, levava uma descompostura: “Empresta dinheiro para todo mundo e depois nem lembra”. Gaspar se calava. Mão aberta, ele costumava, de fato, financiar os conhecidos e às vezes registrava as pequenas dívidas em papéis que levava no bolso. Quando ele morreu, isso Candinha não esqueceu, ninguém procurou a viúva para saldar nenhum papagaio.
Gaspar morreu em agosto de 1950, vítima de um enfarte fulminante nos braços de Candinha, poucos dias depois de testemunhar, no Maracanã, a derrota do Brasil na final da Copa de 1950. Pândego e glutão, era fã incontrolável da comida de sua mulher – embora não dispensasse uma boa cerveja e uma lingüicinha no boteco da esquina. Pouco antes de morrer, sentiu-se mal e foi ao médico, que recomendou dieta severa. Disse, obviamente sem se dar conta da gravidade do problema, que preferia morrer a privar-se da boa comida.
Candinha fechou-se em luto por alguns anos. Nos primeiros tempos, quase enlouqueceu. Ia ao cemitério todos os finais de semana. Tinha acessos de choro repentinos. Quando se aproximava a hora em que Gaspar chegava para o almoço, ela se deparava preparando a comida para ele, como se estivesse vivo, e caía em desespero. Sempre que se aproximava o mês de agosto, mesmo após muitos anos de viuvez, revivia na memória sua Via Crúcis particular. Não comentava com ninguém, só dizia que não gostava de agosto, que torcia para o mês passar logo.
Candinha nunca mais se casou nem arrumou um namorado. Dizia que não via sentido em colocar outro homem em casa, com dois filhos adolescentes para criar. Embora permanecesse fiel à memória do marido (ela morreria em agosto de 2000, aos 88 anos de idade e 50 anos de viuvez), guardava uma mágoa e soltava um de seus bordões quando se lembrava dele. “Perdoar eu perdôo, mas não esqueço”. Tudo por causa de uma escapadela do marido, da qual ela só tomou conhecimento alguns anos depois de sua morte. Certa vez, uma moça incauta apareceu na rua onde a família morava procurando por um certo Gaspar. Dizia ser sua noiva. Foi escorraçada por um vizinho. Candinha gostava de se fazer de durona, mas, um dia, contou que, como uma Dona Flor de Jorge Amado, sentia a presença do marido morto, a seu lado, todas as noites. (Fabrício)

domingo, maio 14, 2006

atendendo a pedidos...

O Fábio pede desculpas por não poder postar mensagens neste blog, pois só consegue acessá-lo do trabalho e o pouco tempo que tem só dá para ler os comentários. Na minha última ida a Brasília, pediu que eu acrescentasse mais uma da Candinha: os ovos estalados. Durante muito tempo ele leu "ovos estrelados" em cardápios e pensou que estava escrito errado.
Vó, um beijo cheio de saudades pelo dia das mães, prá você que foi duplamente mãe de todos nós. Se você ainda estivesse por aqui, eu teria te ligado às seis da manhã para ser a primeira a dar os parabéns... (Thais)

quarta-feira, abril 19, 2006

A adolescência da Candinha


Quando completou treze anos, Candinha foi trabalhar em um ateliê de alta costura.

O ateliê atendia à alta sociedade, pela porta da frente, e ao baixo meretrício, pela porta dos fundos. Candinha contava que era a costureira preferida de uma prostituta famosa, que sempre a escolhia para fazer os ajustes dos vestidos e lhe dava boas gorjetas. Também confeccionou lindos vestidos de noiva, que nunca seriam usados, porque as mocinhas que os encomendavam eram prostitutas que não queriam desgostar suas famílias no interior e justificavam a permanência em Santos com retratos de um casamento falso. As conversas maliciosas que ouvia durante as provas a chocavam, mas ela achava graça e ria das estórias. Escutava e aprendia muitas coisas; algumas boas, outras nem tanto: nesta época, incomodada com o calor do verão santista e com as manchas amarelas que o leite de colônia deixava em suas blusas, ouviu de uma cliente uma dica preciosa: passar limão assado debaixo dos braços. Ela passou, ainda quente, ficou com duas grandes bolhas nas axilas durante um mês, nunca mais precisou de desodorante e criou um método revolucionário de depilação definitiva.

A educação era rígida e cheia de regras. Vaidades e luxos eram tidos como liberdades e prontamente reprimidos. Candinha contava que, apesar de trabalhar com alta costura, tinha um guarda-roupa bem restrito, composto por peças simples que ela mesma confeccionava. Ela ganhava os cortes de tecido no seu aniversário: cambraia para blusinhas novas, alguns cortes de tecido mais encorpado para as peças mais importantes. Além disso, ganhava um par de sapatos novos. As peças novas ganhavam status de "roupa de sair", as do ano anterior iam para o dia-a-dia e as mais antigas eram usadas dentro de casa. Tudo muito discreto, para não chamar a atenção. Aos quinze anos, Candinha queria cortar o cabelo curto, a la garçonne, mas seu pai não permitiu. O jeito foi cortar uma franja para imitar o estilo e prender a parte longa com um coque na nuca. Uma vez, entrou em casa sob a mão pesada do seu pai, porque estava rindo na porta, na época em que correu a notícia de que uma moça da vizinhança tinha dado um "mau passo".

A "costura", como ela chamava seu emprego, também ajudou o início do namoro com Gaspar. Na verdade, nos primeiros anos, namorar significava corresponder a um aceno que ele lhe dava, quando ficava "casualmente" na porta de casa no horário em que ela passava, indo ou voltando da costura. Alguns anos depois, Gaspar foi autorizado a acompanhá-la no trajeto. Noivos, podiam ir ao cinema... com a família inteira acompanhando, é claro.

Quando saiu de lá para se casar, aos dezoito anos, tinha aprendido tudo sobre tecidos, cortes, viés, plissés, pregas, godés, casinhas de abelha e outras artes de agulha. Com muita competência, completou o guarda-roupa da família durante décadas.(Thaïs)

quarta-feira, abril 12, 2006

A infância de Candinha




Adelaide, com Júlio no colo, Maneco, Lidia e Candinha














Candinha não era de falar muito de sua infância. Me lembro de ouvir algumas poucas histórias, como a do cachorro Tejo que lhe fazia companhia quando ela era pequeninha e ficava num cercado de madeira enquanto os pais trabalhavam. Segundo dizia, era comum que o cachorro avançasse na comida que davam a ela. Conta a lenda que ele adorava batatas com azeite. Nem todas as histórias eram engraçadas. Primeira filha do casal de imigrantes portugueses Francisco Simões, garçom, e Adelaide da Conceição, dona-de-casa, cursava o terceiro ano primário quando foi tirada da Escola Barnabé, em Santos, para ajudar a cuidar dos três irmãos mais novos. Sabia ler, escrever e fazer as contas – e isso já era muito para uma menina do final da década de 1910. Todos os irmãos tiveram a chance de estudar mais do que ela. Mais de cinquenta anos depois de encerrar sua vida escolar, ela ainda mostrava tristeza quando lembrava do trauma de sair forçada do colégio. Mas exorcizava a amargura ajudando os netos a fazer a lição de casa. Outra lembrança triste era a da gripe espanhola, que em 1918 levou seu pai para um hospital de isolamento em Santos, acho que a Beneficência Portuguesa – ele se salvou – mas matou sua irmã mais nova, Giselda, um bebê. Um outro caso que Candinha contava dava conta da severidade da educação portuguesa. Seu irmão Maneco uma vez ousou desafiar uma ordem da mãe desfiando o que devia ser um bordão da época: “Diz isso cantando, borboleta”. Ele nunca se esqueceu do tapa na boca que levou. (Fabrício)

domingo, abril 09, 2006

Receita da Candinha #13 - Esfihas de Kafta


Massa:
4 xícaras de farinha de trigo
15 g de fermento biológico
1 xícara de leite morno
1/2 xícara de óleo de canola
1 colher de chá de açúcar
2 colheres de chá de sal

Recheio
500 g de carne moída
1 cebola grande
2 tomates graúdos sem sementes
2 colheres de sopa de suco de limão
Zattar a gosto (Candinha não usava)
Sal e azeite a gosto

Modo de Preparo:
Coloque o fermento em uma tigela.
Acrescente o açúcar e dissolva o fermento.
Acrescente o leite morno e misture bem.
Peneire a farinha e o sal em outra tigela.
Misture o óleo à mistura de fermento e leite, e despeje lentamente sobre a mistura de farinha.
Amasse bem, até obter uma massa bem lisa -- se necessário, acrescente mais um pouco de farinha.
A massa deve ficar bem macia, não pode ficar pegajosa.
Cubra a massa com um pano úmido e colocar para fermentar por cerca de 40 minutos em local morno.
A massa vai dobrar de volume ao longo desse período.

Após a massa crescer bem, amasse-a novamente por cerca de 2 minutos e divida-a no formato de bolas de ping pong.
O rendimento aproximado é de cerca de 30 unidades.
Coloque-as em uma assadeira levemente untada, e deixe descansar.

(A Candinha costumava usar como termômetro uma bolinha da massa, que ela jogava dentro de um copo d'água -- quando a bolinha subisse para a superfície do copo, era sinal de que a massa estava pronta para ser assada.)

Para o recheio, pique finamente a cebola e o tomate, e misture à carne moída.
Acrescente o suco de limão, o zattar, e o azeite, e deixe curtir por alguns minutos.
Por último, acrescente o sal, sempre com muito cuidado
Aqueça o forno em temperatura máxima.
Prepare com a massa discos de cerca de 8 cm, deixando as bordas mais grossas.
Os discos das esfihas devem ser abertos à mão, e cobertos com bifinhos de kafta bem pensados, feitos com o recheio de carne já curtida nos temperos.
Leve ao forno e asse até as esfihas ficarem levemente douradas,

Sirva imediatamente, acompanhado de folhas de alface, além de rabanetes e pepinos fatiados bem fininhos.
Ou então sirva com coalhada seca.
Ou então, sirva tudo junto, que é ótimo.

PS1: O Zattar é o tempero sírio-libanês já encontrado pronto. É fácil de achar em casas típicas. Caso não encontre prepare uma mistura com canela em pó, pimenta-do-reino branca em pó, gengibre em pó, noz moscada ralada e pimenta da Jamaica ralada que você chega lá.

PS2: Este é mais um ítem do livro de receitas da "Maria Maravilhosa" que a Candinha incorporou ao seu repertório. Como a Candinha temperava menos sua comida que a Tia Maria, suas esfihas ficavam mais leves. Mas tanto as dela quanto as da Tia Maria são deliciosas. Cada uma à sua maneira. (Chiquinho)

Receita da Candinha #12 - Quibe de Forno


Ingredientes:
500 gramas de trigo para quibe
1 kg de carne moída 2 vezes
10 ramos de hortelã bem picados
2 cabolas grandes bem picadas
3 ou 4 limões
3 ou 4 colheres de chá de zattar (Candinha não usava)
Sal, azeite e manteiga a gosto

Recheio:
100 gramas de castanhas do pará bem picadas (Candinha não usava)
100 gramas de passas (Candinha não usava)
2 cabolas grandes bem picadas

Preparo:
Na véspera, deixe o trigo de molho em 2 litros de água.

No dia seguinte, coloque a carne para descansar no suco de 3 ou 4 limões.
Em seguida, filtre a água onde o trigo descansou com a ajuda de um pano de prato.

Então, misture a carne moída ao trigo usando as mãos, até que a carne e o trigo se misturem por completo.
Acrescente o azeite, as duas cebolas picadas, a hortelã, e o zattar durante o processo de mistura.
Por último, acrescente o sal, com muito cuidado, e misturando bastante.

Se tiver um moedor de carne em casa, pode dispensar esse procedimento colocando a carne, o trigo e os outros ingredientes para moer juntos.

Arrume numa forma refratária, besunte com azeite e forme uma primeira camada de quibe.
Prepare o recheio do quibe com as outras 2 cebolas picadas, as passas e as castanhas do pará.
Cubra com a segunda camada do quibe, e, por último, doure distribuindo pedacinhos de manteiga por cima.

Leve para assar em forno quente por cerca de 30 minutos.
Sirva com folhas de alface, e pepinos e rabanetes cortados bem finos.
Ou então, sirva acompanhado de tabule.

PS: Candinha aprendeu a fazer uns poucos pratos libaneses com a Tia Maria, que é craque absoluta nessa categoria de culinária. Como não gostava de usar zattar -- achava muito ardido --, seus pratos libaneses não tinham exatamente um sabor libanês. Eram mais uma variação bem caseira e simplificada das receitas da Tia Maria. Mas, apesar do sabor muito suave, eram bem saborosos. Como eu sempre gosto de temperar bem quando preparo esse quibe, à moda da Tia Maria, não sei mais como chegar àquele sabor suave que a Candinha praticava. Mas lembro dele com saudades. (Chiquinho)

domingo, abril 02, 2006

Coisas de Laurinha...digo, de Candinha


Candinha fazia esses pratos maravilhosos, mas exigia respeito na hora de comer. Tinha que sentar à mesa direitinho, comer devagar, nada de levar o prato para a frente da tv.

Uma vez, um amiguinho do Fábio, ainda em Santos, teve a coragem de chamar o bolo de laranja dela de bolo de fubá. Para quê, ela ficou anos ofendida.

Uma outra vez, foi muito engraçado: um ex-namorado meu estava lá em casa, na hora do lanche e "tentou" passar manteiga no bolo que ela havia acabado de assar. Ela simplesmente tirou o prato do bolo da frente dele e disse: "Não no meu bolo!". E não devolveu!!! Com todo o meu apoio! (Thaïs)

quinta-feira, março 30, 2006

Anabé e Guga (1978, por ai...)


Tudo bem, não tem a Candinha na foto.

Mas esses dois juntos estão simplesmente demais.(Chiquinho)

PS: Há exatos 29 anos, Candinha estava em Campinas vendo chegar o Guga, seu netinho mais novo. Feliz Aniversário, Guguinha! (Fabrício)

segunda-feira, março 27, 2006

Receita da Candinha #11 - Coxinhas de Galinha


Aqui vai a receita das coxinhas da Candinha. A verdadeira, a autêntica, a legítima, a incomparável Coxinha da Candinha!!!

Recheio:
1 peito de frango picadinho
1 tomate picadinho
1 cebola picadinha
2 dentes de alho picadinhos (fazer o quê? Ela me ditou assim...rsrsrs)

Massa:
1 cebola pequena ralada
1 copo de leite
2 colheres de sopa de farinha de trigo
1/2 colher de sopa de manteiga
Ovos batidos (o quanto baste)
Farinha de rosca

Faça um refogado com os 4 primeiros ingredientes. Capriche nos temperos. Deixe esfriar bem. Para a massa, frite a cebola ralada com um pouquinho de manteiga, dissolva a farinha no leite. Leve tudo ao fogo, com o resto da manteiga. Mexa até soltar do fundo da panela. Vá acrescentando mais farinha até dar o ponto de massa. Molde as coxinhas na plama da mão, recheie, passe no ovo, na farinha de rosca e frite.
Sem mistério e deliciosas.
(Thaïs)

Giselda Silvana, Lídia Valdívia



Vó Candinha só teve dois filhos. Mas ajudou a criar os filhos de todo mundo. Tinha tantas crianças pequenininhas na memória que às vezes se enganava:
"Quando eu tive a Thaïs, quando eu tive o Fabrício, quando tua mãe teve o Paulinho, quando eu subia a serra para buscar o Fabinho em São Caetano..."
Também tinha a famosa troca de nomes. Para chamar o mais novo, tinha que recitar os nomes da dinastia inteira, até encontrar o correto. "Ô Chiquinho, Fábio, Fabrício, porra também...". Ou então inventava nomes compostos pouco sonoros: Lídia Valdívia, Giselda Silvana, Thaïs Priscilla...
Aqui vão as fotos dela com os dois bisnetos que ela conheceu, Thiago e Camila. Que pena...ela ia adorar conhecer a Júlia, o Matheus e o Ovo.
(Thaïs Priscilla)

PS: Esses são Julinha, 3 anos, e Rodrigo, 8 meses, dois bisnetinhos da Candinha. (Fabrício)
PS 2.: Acrescentei uma foto do Matheus com o Vivaldo, o Celso e o Fernando. (Thaïs)

Receita da Candinha #10 - Carne Louca Desfiada


Ingredientes - Primeira Parte:
500g de lagarto sem gordura
1 colher de sopa de azeite
1 cenoura ralada
1 talo de salsão picado bem fino (Candinha não usava)
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1 folha de louro
1 1/2 litro de água

Ingredientes - Segunda Parte:
1/2 pimentão vermelho em tiras finas (Candinha não usava)
1/2 pimentão amarelo em tiras finas (Candinha não usava)
1/2 cebola em cubos pequenos
2 tomates sem semente em cubinhos
azeite
Suco de 1 limão
3 colheres de sopa de salsinha

Preparo - Primeira Parte:
Leve ao fogo alto o azeite e doure bem a carne de ambos os lados. Junte os outros ingredientes, por último a água. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar até a carne ficar macia. Retire a carne da panela e deixe esfriar. Desfie com as mãos.

Preparo - Segunda Parte:
Junte todos os ingredientes à carne desfiada, misturando bem. Tempere com sal e pimenta-do-reino e bastante azeite, e deixe marinar na geladeira por no mínimo 6 horas. Retire da geladeira e sirva frio.

PS: Essa Carne Louca desfiada da Candnha nunca conseguia virar a noite na geladeira. Acabava virando recheio para os sanduíches da madrugada de todo mundo. É uma receita delicada, despojada e deliciosa. Aliás, três características que definem bem a Cozinha da Candinha. (Chiquinho)

quarta-feira, março 22, 2006

Piolho Piolho (ou Candinha, a turrona)


É uma surpresa ver tantas fotos da Candinha.

Na verdade, ela odiava tirar fotos e frequentemente saía fazendo caretas, reclamando que a foto ia ser desperdiçada.

Como se pode ver nestas fotos... (Thaís)

terça-feira, março 21, 2006

De Thathah Para Tuvannah



Vamos lá, mais algumas fotos, que a Thaís mandou dedicando à Silvana.

Essas aqui são dos 80 anos da Candinha. Estão cheias de participações especiais. (Chiquinho)

domingo, março 19, 2006

Receita da Candinha #9 - Bolinhos de Cenoura


Ingredientes:
5 ou 6 cenouras grandes bem raladas
4 dentes de alho amassados
1 cebola grande bem picada
Salsinha e Cebolinha bem picadas
Um quarto de uma noz moscada bem picadinha (Candinha não usava)
Pimenta do Reino moída na hora (Candinha não usava)
Azeite
2 colheres de chá de sal
4 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 ou 2 ovos
Óleo para fritar

Mode de Preparo:
Faça um refogado com o azeite, a cebola e o alho, colocando na panela nessa ordem. Mais adiante, acrescente a cenoura. Mexa em fogo médio por 10 minutos, acrescentando aos poucos o sal, a salsinha, a cebolinha, a noz moscada e a pimenta do reino no refogado.

Retire do fogo, espere esfriar um pouco, e então acrescente a farinha, o ovo e mais um pouco de azeite até que a mistura fique meio gosmenta. Experimente a massa para checar se a massa está salgada o suficiente.

Se não estiver ainda no ponto, salgue com shoyu. Vantagens: ajuda a não errar o ponto e mistura mais fácil com a massa nessa etapa do preparo. Bata mais um pouquinho e experimente novamente para ver se agora está no ponto.

Daí é só modelar os bolinhos com duas colheres (para bolinhos maiores) ou então no formato de gnocchi (para bolinhos bem pequenos), passar na farinha de rosca (opcional) e fritar em óleo quente, dourando bem.

Coloque para secar em papel absorvente, e sirva. Rende algo em torno de 30 bolinhos médios, ou 60 bolinhos pequenos

PS: Esses bolinhos eram disputados a tapa sempre que a Candinha fazia. A briga era para experimentar no momento em que eles saíam da frigideira, ainda quentinhos e bem crocantes. Quem chegava tarde sempre levava a pior. A Candinha posava de irritada com a comoção que os bolinhos dela provocavam nos comilões da casa -- todos pouco preocupados se um ou outro integrante da família não estava no lugar certo na hora certa --, mas, no fundo, ela se sentia lisonjeada em ser o agente catalizador de toda aquela contagiante selvageria doméstica. (Chiquinho)

sábado, março 18, 2006

Receita da Candinha #8 - Strogonoff da Candinha


INGREDIENTES:
1k de filet-mignon
300g de champignons em conserva fatiados
2 cebolas grandes picadas
3 dentes de alho amassados
250ml de creme de leite fresco
3 ou 4 colheres de sopa de polpa de tomate
1 cálice pequeno de conhaque (na falta, Candinha usava vinho tinto seco, em último caso rum ou cachaça)
1 colher de sopa de molho inglês
1 colher de café de Pimenta-do-reino moída na hora (Candinha não usava)
Sal a gosto
Azeite

MODO DE PREPARO:
Corte o filet-mignon em várias tiras finas, depois corte cada bife em tiras de 4 cm aproximadamente. Coloque numa tigela e tempere com sal e pimenta-do-reino.

Separe uma panela média e uma penela grande

Acrescente azeite na panela média e aumente o fogo. Junte uma parte da carne picada e espere dourar. Mexa um pouco para dourar todos os lados. Retire a carne já refogada da panela, coloque mais um pouco de azeite e junte as tirinhas de carne restantes. Se você colocar toda a carne de uma só vez, a carne esfriará a panela e irá cozinhar no próprio líquido, deixando-a dura.

Coloque um pouco de azeite na panela grande e leve ao fogo baixo para esquentar. Acrescente a cebola picada e refogue por 2 minutos. Junte o alho e refogue por mais 1 minuto. Junte a carne, os champignons, a polpa de tomate, o creme de leite e deixe cozinhar por 2 minutos, mexendo sempre.

Junte o o molho inglês, e por último o conhaque. Cozinhe por mais 1 minuto e retire do fogo. Verifique os temperos e sirva imediatamente com arroz branco e batata palha. Ou então sirva de acordo com a receita original, com talharim cozido ou talharim ao alho e óleo. Fica delicioso. Rendimento : 6 a 8 porções.
PS1: Os russos que inventaram esse prato eram cozinheiros de um nobre chamado Conde Stroganoff. Quando fugiram da Revolução Bolchevique para a França, esses cozinheiros aprimoraram o prato e resolveram homenagear seu antigo patrão, dando seu nome a ele. Por algum motivo obscuro, quando o stroganoff aportou por aqui virou strogonoff, e, mais adiante, estrogonofe. Hoje, é referëncia de “comida chique” para o nosso proletariado, e, talvez por conta disso, acabou estigmatizado como “prato cafona” por setores bem cretinos da nossa classe média. Claro que não é nem uma coisa nem outra. O strogonoff é, na verdade, um belo picadinho com um belo pedigree. E, a julgar pelo histórico de vida de seus criadores, trata-se de uma tremenda “pièce de résistance”. Literalmente falando.
PS2: O strogonoff da Candinha era delicioso. Como ela cozinhava para um batalhão, usava com frequëncia contra-filet, alcatra ou patinho, para render mais. Ficava tão bom quanto o filet mignon, pois a Candinha era craque no corte das carnes, e ninguém sentia a diferença. De vez em quando, substituia o filet pelo peito de frango em cubos, e o champignon por milho verde em conserva. Quando a Candinha optava por isso, colocava menos polpa de tomate no preparo, além de dispensar o acréscimo de molho inglês. Eu, pessoalmente, não gostava muito quando ela fazia isso, mas me empanturrava mesmo assim. Fazer o quê, né?
PS3: Uma recomendação: Nunca sirva Strogonoff com Arroz à Grega. É coisa de cafajeste. Parece fala da Candinha. Mas não é...é minha mesmo. (Chiquinho)

terça-feira, março 14, 2006

Candinha, a noveleira

Sempre que se aproxima a estréia de uma telenovela, e as emissoras mostram aquelas longas propagandas apresentando seus elencos estelares, ouço secretamente uma voz me dizer: “Essa vai ser boa”. É o eco da voz da Candinha. Noveleira incorrigível, alimentava a estranha esperança de que a próxima novela sempre seria melhor que a que passou. E apostava: “Essa aí vai ser boa”. Candinha adorava novelas e acompanhava todas as que conseguia: a reprise da tarde, no Vale a Pena Ver de Novo, a novela das 6, a das 7, a das 8. Quando a Rede Manchete apresentou bons folhetins às 21h30 (Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão), lá estava a Candinha sentada em sua poltrona de vime, diante da televisão.
Aprendi a gostar de novelas com ela. Quando eu tinha uns cinco anos, no comecinho dos anos 1970, lembro que ela acompanhava as tramas da TV Record numa fase em que a rede paulista tinha um elenco de primeira: Nathália Timberg, Lilian Lemertz, Rolando Boldrin, Joana Fomm ... Ficaram grudados na minha memória aqueles títulos melodramáticos: O tempo não apaga, Os Deuses estão mortos, Quero Viver, Vendaval. Candinha dava duro na cozinha, cuidava da casa e dos netos, mas num aspecto exercia todas as prerrogativas de matriarca: quem mandava na televisão era ela e todo mundo respeitava.
Quando a Record decaiu, nos idos de 1972, Candinha girou o seletor da TV do canal 7 para o canal 8, que transmite a Globo em Santos, e nunca mais voltou atrás. Vimos juntos grandes novelas: Escalada, O Casarão, Pecado Capital, O Astro, Dancing Days, Espelho Mágico, Baila Comigo, Roque Santeiro, Sol de Verão. A última foi O Outro, em 1987, quando eu saí de casa (a família agora morava em Brasília) e fui trabalhar em São Paulo. Mas sempre que uma nova novela se avizinhava, havia alguma menção em nossos telefonemas.
Um dia – Candinha já tinha se mudado para Niterói – soube que ela andava deprimida. A catarata avançava e minha avó já não conseguia enxergar direito. Seguia ouvindo as novelas, como fazia nos anos 40 e 50, quando não perdia as novelas da Rádio Nacional, cujos atores, como Paulo Gracindo, acabariam migrando para a TV. Resolvi comprar uma TV de 29 polegadas, pus no porta-malas do meu Escort, peguei a Dutra e fiz a entrega em Niterói, num 18 de novembro, aniversário da Candinha, acho que de 1995. Ninguém merecia uma TV de tela grande no mundo mais do que ela. Logo a Candinha operou a catarata, voltou a enxergar bem – e seguiu assistindo suas novelas.
Quando ela foi embora, em agosto de 2000, tinha acabado de começar Laços da Família, de Manoel Carlos. Candinha se mostrava algo escandalizada com a trama em que a filha prometia roubar o namorado da mãe. Mas era só charminho. Aquilo não era novidade para quem já tinha visto tanto folhetim. Me lembro de comentar com Candinha no hospital, num momento em que ela teve uma melhora: “Essa aí vai ser boa, hein vó?”
(Fabrício)

segunda-feira, março 13, 2006

Candinha, a paranormal

Candinha era boa de rezas também. Tinha uma que tirava mau olhado até de tronco seco. Não sei no que consistia a oração, ela nunca contou prá ninguém (parece que a única pessoa que sabe é a tia Lídia). Mas sei que levava um prato com água, um fio de azeite e uma folha de louro. Ela dizia as tais palavras mágicas e, se a pessoa merecedora da oração estivesse com "mau olhado", a folha de louro afundava e o azeite se dissolvia na água. Sumia, desaparecia, um fenômeno impossível de acontecer. Se não estivesse, não dissolvia; aí, podia levar o alvo da reza ao médico, porque o problema era sério. Lembro de uma vez que eu estava em casa, meio largada, desanimada, sem querer ir prá faculdade e, de repente, veio uma vontade incontrolável de ir para a aula. Cheguei na cozinha a tempo de vê-la desarmar o circo. Aí, eu perguntava: Vó, o que você andou fazendo? E ela respondia, com uma risada marota: "Rererere".

Ela também via e escutava coisas estranhas e sentia energias negativas. Mas a mais legal é que ela me contou, uma vez, que o Gaspar continuou vindo dormir com ela durante muitos anos, depois de morrer. Só parou quando nos mudamos prá Brasília.

Aica, meu!
Thais

domingo, março 12, 2006

A Candinha certamente teria ficado muito orgulhosa ao receber esse convite

Mesa 19a Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Quarta-feira, 15 de março, às 19 horas no Salão A - Mezanino comemorando os 70 anos da publicação de

SOBRADOS E MUCAMBOS de Gilberto Freyre

participação dos professores: Roberto DaMatta, Élide Rugai Bastos, Enrique Rodríguez Larreta e Gustavo Henrique Tuna.

O evento marcará, também, o lançamento do Segundo Concurso Nacional de Ensaios - Prêmio Gilberto Freyre - 2006/7


Legal, Guga, parabéns (Chiquinho)

sábado, março 11, 2006

Candinha em família

Candinha em dois momentos:



No começo dos anos 40: Candinha com Valdívia (de laço no cabelo), Lídia com Nivaldo no colo, Vivaldo (de boné), e os pais de Candinha, Adelaide e Francisco.






No começo dos anos 90, num de seus aniversários: Da esquerda para a direita: Chico, Thaís com Gabi no colo, Valdívia, atrás da Candinha, atrás da Priscilla, e Vivaldo, à direita.

Receita da Candinha #7 - Bolo de aniversário




Candinha fez centenas de bolos de aniversário para pais, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, amigos e, se teve a chance, até para os dois bisnetos que ela conheceu (não tenho certeza, pois o Thiago e a Camila moravam longe). A receita básica ostentava dois bolos de chocolates separados por um recheio de baba de moça e cobertos por um glacê branco, decorado com o garfo em forma de mar revolto. Havia variações do bolo. Com freqüencia, um dos bolos era de laranja e o outro, de chocolate. A receita que tenho traz dois andares de chocolate.

Ingredientes do bolo
3 ovos (bater as claras em neve)
3 xícaras de farinha de trigo (é bom peneirar)
2 xícaras de açúcar (também peneirar)
1 colher de sopa de fermento em pó (Candinha só usava Royal e também peneirava)
1 copo de leite
6 colheres de chocolate
1 tablete de claybon (que hoje chamam de "margarina culinária")

Modo de fazer
1) Bater o tablete de claybon com as gemas e o açúcar, uma xícara de cada vez. Juntar a farinha de trigo e o pó Royal e o leite e bater com o chocolate. Por último, juntar as claras em neve.
2) Acender o fogo e começar a bater o bolo.
3) Colocar a massa em duas assadeiras redondas untadas.
4) Leve ao forno por 20 minutos em fogo médio.

Ingredientes e modo de fazer o recheio - baba de moça
1) Numa panela, coloque 1 vidro de leite de coco, 2 xícaras de açúcar, peneirar 1 colher (de sopa) de farinha de trigo, 4 gemas desfeitas na peneira.
2) Mexer e engrossar em fogo baixo. Quando esfriar, vira um mingau.
3) Colocar o recheio sobre um dos bolos. Em seguida, coloca-se o segundo bolo por cima do primeiro.

Glacê
1) Bater 4 claras em neve - bem durinhas
2) Numa panela, ao fogo, juntar 2 xícaras de açúcar, 1 xícara de água, gotinhas de baunilha. Deixar ferver até o ponto de fio. Juntar as claras em neve à calda quente.
3) Levar à batedeira. Se a calda não cair da pá, já é hora de cobrir o bolo. (Fabrício e Sibelle)

sexta-feira, março 10, 2006

Mais Fotos, Mais Receitas, Mais Histórias da Candinha...

Quem tiver mais fotos, e puder digitalizar, maravilha.

E quem lembrar de mais histórias legais dela, é só despejar aqui.

Para usar um termo clássico do linguajar dela: "isso aqui está saindo melhor que a encomenda". (Chiquinho)

quinta-feira, março 09, 2006

Receita da Candinha #6 - Bolo Cacilda


Até parece que a Candinha só fazia pratos salgados... Ela preparava bolos quase todos os finais de semana. Nos aniversários, assava bolos de dois andares com recheio de baba de moça e cobertura de glacê imitando mar revolto. A exceção era o aniversário dela, quando cismava de fazer só um bolinho de fôrma de buraco (quando tinha festa e convidados, ela se rendia, mas isso era raro). A receita abaixo é uma das mais simples e gostosas do repertório da Candinha.


No liqüidificador:
3 ovos inteiros
1 copo de leite
2 copos de açúcar
3 colheres de margarina

Bater e acrescentar:
2 copos de farinha
1 colher de fermento em pó (não é merchandising, mas ela só usava Pó Royal)
1 pitada de sal

Unte a forma com manteiga e farinha.

Leve ao forno por cerca de 15 minutos (cuidado: assa rápido)

Receita da calda (fria):
1 e 1/2 copo de leite
1 copo de açúcar
50 gramas de coco ralado

Depois de pronto:

Fure o bolo com um garfo. Despeje a calda por cima da assadeira. (Fabrício e Sibelle)

quarta-feira, março 08, 2006

Candinha No Cinema

Lembro de assistir "ET" com a Candinha e a Anabé no antigo Cine Karim, na 111 Sul (hoje um templo da Falange Renascer), em Brasília.

Na saída, a Candinha tentava disfarçar o quanto tinha ficado emocionada com aquelas bicicletas voando, dizendo para a gente "Ah...quanta bobagem" com a voz ainda meio embargada.Lembro também dela rachando de rir no Cine Brasília, na 107 Sul, vendo o Luís Fernando Guimarães pelado, vestido de anjo, e tendo que entrar em cena de pinto duro num filme de sacanagem inspirado em "Barbarella" que rola dentro do "Bar Esperança", pequena obra prima do Hugo Carvana.
Na volta para casa ela continuava dando gargalhadas. Aliás, sempre que ela via o Luís Fernando na TV acabava lembrando daquela cena e começava a rir sozinha. Aparentemente do nada. E ela ficava muito puta porque toda vez que "Bar Esperança" passava na TV, cortavam aquela cena engraçadíssima. (Chiquinho)

saudades...


A fama de boa cozinheira da Candinha é inegável. Mas nem tudo eram receitas, ela tinha outras formas de mostrar seu carinho. Nós duas tínhamos uma relação muito próxima, ela já morava com meus pais quando eu nasci e esteve presente durante toda a minha vida. Vivemos juntas na mesma casa por vinte e cinco anos. Desde pequena, nós tínhamos um passeio só nosso, que era no dia em que ela ia ao banco receber a pensão. Ainda em Santos, ela sempre me levava junto, de ônibus ou de táxi lotação. Quando resolvia levar o Fabrício, mentia dizendo que ia em outro lugar, para eu não ficar com ciúmes. Para mim, era quase um ritual, eu adorava. Ela colocava o dinheiro dentro da carteira de identidade, que era a mesma desde 1930, ia me mostrando os lugares da juventude dela e me contando histórias. Depois, a gente ia lanchar no Jamblam e andar de escada rolante na Americanas. Ela nunca andava, morria de medo, tinha a impressão de que ia cair. Tempos depois, já velhinha, eu é que a levava ao banco, furava a fila para ela não ter que esperar e quebrava o pau com a insensibilidade dos caixas.
Dividi o quarto com ela a vida toda. Era para a cama dela que eu pulava, à noite. Era no colo dela que eu fazia xixi dormindo e ela agüentava molhada para não me acordar. Foi ela quem me levou prá levar pontos no queixo, que voltou chorando do oculista quando descobriu que eu ia precisar usar óculos, quem me buscava na escola, quando eu era pequena. Depois que cresci, ela ficava me olhando da janela até eu entrar no colégio. Na saída, assim que eu apontava na rua, já via o vulto dela me esperando na mesma janela, para me ver atravessar a rua. Ela fazia comidinhas especiais prá mim: não botava banana no canto do bolo prá eu poder comer também, catava todo o agrião da minha sopa e jurava de pés juntos que não tinha colocado leite no mingau de maizena, ou nabo na sopa de legumes. Os meus bolinhos de cenoura eram os mais pretinhos e eu sempre ganhava mais pastéis do que os outros, porque ela salvava uns prá mim, escondido. Quando eu voltava da escola, na hora do almoço, ela já me recebia dizendo: adivinha o que eu fiz prá você hoje...Fizemos muitas viagens juntas, eu sempre ia com ela prá Campinas, nas férias. Numa dessas viagens, enterrei as unhas no braço dela, de medo do avião. Foi com ela que eu saí de Brasília, quando nos mudamos prá Niterói. Foi com ela que eu viajei para Santos, para me casar. Quando viajei de avião para São Paulo, para me despedir dela, pela primeira vez não tive medo. Tinha a certeza de que, se o avião caísse, ela estaria do outro lado me esperando.
Ainda hoje, quando acontece alguma coisa importante, por um momento, uma fagulha de pensamento, eu ainda tenho o reflexo de pegar o telefone para contar prá minha avó. Pena que logo passa e eu me lembro que agora as formas de contato com ela são outras.
Um beijo, vó.
Thais

Receita da Candinha #5 - Pizza da panela preta


A panela preta foi presente da Margarida e a Candinha soube explorar seu potencial com maestria. Vovó fazia as pizzas aos domingos. Quando eu era menina, acompanhava o processo todo e ficava vigiando para registrar o momento exato em que a bolinha ia boiar. Era a senha para começar a assar as pizzas. Depois que a panela esquentava, era uma atrás da outra. A gente ia comendo e a vovó ficava só olhando, feliz de ver aquele monte de esganados processar em dez minutos o que ela havia levado a manhã inteira prá fazer. Depois, a gente cresceu e todo mundo queria levar embora a tal panela. Reclamei tanto que minha mãe achou uma parecida no brechó e me deu. Só falta juntar a família para comer tanta pizza.
Se você não tiver a felicidade de possuir uma panela preta, dá prá fazer no forno. A massa fica alta, parecida com a da Pizza Hut.

Ingredientes:
1 panela preta de ferro
1 tablete de fermento fleischmann
2 colheres de sopa de assúcar( ela escrevia assim)
1 ovo
1 xícara de café de azeite
1 copo de leite
1 copo de água
sal, o quanto baste (também era uma expressão que ela usava)
farinha de trigo, também o quanto baste.

Molho:
tomates batidos no liquidificador com cebola e alho (sem cozinhar, o molho é cru mesmo)

Dissolva o fermento num pouco do leite morno. Junte o resto do leite, a água, o açúcar e farinha, fazendo uma esponja meio mole, com textura de panqueca. Coloque numa tigela, embrulhe num pano de prato e guarde num lugar quente. Duas horas depois, junte o ovo sem bater, o sal, o azeite e misture bem. Acrescente mais farinha, aos poucos, até a massa desprender das mãos. Abra a massa bem fina, corte os círculos com a tampa da panela e deixe descansando sobre panos de prato. Coloque uma bolinha da massa num copo d´água e só comece a assar quando a bolinha boiar. Esquente um fio de azeite na panela, coloque a rodela de massa, cubra com molho de tomate e mussarela.

Deu água na boca, só de lembrar.... (Thaís)

terça-feira, março 07, 2006

Receita da Candinha #4 - Cuscuz da Candinha


Esse é outro clássico da Vó Candinha, um complemento de muitos almoços de domingo.

No liqüidificador:
2 cebolas em rodelas
3 tomates divididos em quatro pedaços cada um
4 dentes de alho
Bater bem


Na panela:
Esquentar 1/2 copo de azeite
Despejar os temperos, mexendo aos poucos.
Acrescente 1 lata de ervilhas (lavadas), 1 lata de palmito e 1 lata de atum ou sardinhas
Coloque 500 gramas de farinha de milho. Por fim, acrescente azeitona, salsa, cebolinha e uma folha de louro.
O ponto é a folha de louro limpa.

Despeje na forma de buraco sem untar.
Espere esfriar.
Pode-se decorar o fundo da fôrma com tomate, sardinha ou outro ingrediente decorativo.

(Fabrício e Sibelle)

Fiel Depositária


A Candinha, apesar de brasileira, nunca se negou a ser fiel depositária e divulgadora eventual de alguns termos tramontinos simplesmente sensacionais, de tão pitorescos.

Um dos que mais me intrigava era SÓ DANDO COM UM GATO MORTO...

Fico imaginando um português bem cutrucão espancando os filhos com o pobre do gato recém falecido -- ou quem sabe até um gato já falecido há um bom tempo, vai saber...

Enfim, a Candinha parecia ter apreço por esse tipo de herança cultural da terrinha. Que ela, por sinal, nunca conheceu (Chiquinho)

segunda-feira, março 06, 2006

Pérolas da Candinha


Candinha tinha algumas frases bombásticas, de efeito devastador. Outras eram hilárias. Quem lembra? Aqui vão algumas:

- Ou bem queijo, ou bem manteiga...
- A filha do meu pai não lhe mostra os dentes (para os vizinhos ou qualquer outra pessoa que não merecesse sua simpatia)
- Tem muita coisa furada esse ano, ano que vem tem mais... (Servia prá qualquer coisa. Pode-se trocar o furada por amassada, mexida, passada, qualquer verbo no particípio dá certo e o sentido será sempre o mesmo)
- Pois iec ( é, com sotaque carioca...)
- Prá quem é, bacalhau basta...
- Tira uma linha...
- Diz isso cantando, borboleta ( essa é uma história do tio Maneco...)
- Faz um arroz prá ele, Thais, não aleija!
- Pavê é sobremesa de malandro!

Que saudade...Quem sabe mais? (Thaís)

Tem essa também:
Deixa que ele vai descalço para a cama (Consolo para o irmão que ia reclamar do outro para a Candinha). Fabrício

Foto Candinha # 6 (Com Dona Valdira e Tia Maria - 1997)

clique na foto para ampliá-la

A barriga que faz participação especial na lateral esquerda da foto é provavelmente do Tio Júlio (Chiquinho).

domingo, março 05, 2006

Receita da Candinha #3 - Rocambole de Carne Moída


Tenho quase todas. Às vésperas de me casar, fiquei vários dias com ela me ditando as receitas dos meus pratos preferidos. Aqui vai mais uma...

1/2 kg de carne moída
2 dentes de alho
1 cebola picadinha
1/2 chícara (no tempo dela, era assim que se escrevia... de vez em quando ela escrevia chávena :)) de salsinha
1 pão molhado em meio copo de leite
1 ovo
3 colheres de farinha de trigo
Farinha de rosca
Mussarela, presunto, cenoura para rechear
Fatias de bacon ou de presunto para a cobertura

Tempere a carne com o alho, a cebola, a salsinha e sal. Acrescente o pão, o ovo e a farinha de trigo e amasse bem. Passe farinha de rosca no papel manteiga ou filme plástico, abra a carne, recheie a gosto, deixe a emenda prá baixo e faça o rolo com a ajuda do papel manteiga. Aperte bem, cubra com o bacon e leve para assar em forno quente, com papel alumínio por vinte minutos. Retire o papel alumínio e deixe assand até o bacon dourar. Dá um rolo, o que para os esfomeados lá em casa significava umas duas porções, no máximo. (Thaís)

sábado, março 04, 2006

Receita da Candinha #2 - Bolo Salgado de Sobras de Geladeira


Ingredientes

Para a massa:

- 15 colheres de sopa de farinha de trigo
- 1 xícara de Óleo Vegetal
- 2 colheres de sopa de Fermento Royal
- 2 ovos (para preparar as claras em neve)
- 3 colheres de Queijo Parmesão ralado na hora
- 2 xícaras de leite
- 1 tomate pequeno cortado em cubos
- Sal a gosto

Para o recheio:
- 2 ovos cozidos
- Um pote pequeno de palmito
- 2 latas de sardinhas com molho de tomate
- 1 lata de ervilhas
- 20 azeitonas verdes picadas
- Meio pimentão vermelho bem picadinho
- Salsa e cebolinha picadas,
- Azeite, Sal e Pimenta do Reino a gosto

Modo de preparo

Bata as claras em neve na batedeira.
Depois junte as gemas às claras em neve
Acrescente o óleo e a farinha de trigo, seguido das duas xícaras de leite, do fermento e do parmesão.
Bata bem todos esses ingredientes na batedeira até virar uma massa bem mole

Numa tigela à parte, junte todos os ingredientes para o recheio e tempere a gosto.

Por último, unte uma assadeira com óleo vegetal, para depois derramar sobre ela metade da massa mole.
Em seguida, jogue por cima da massa mole os ingredientes para o recheio.
Então, acrescente os ingredientes para o recheio, e por último, cubra os ingredientes com a outra metade da massa mole.
Leve ao forno quente por aproximadamente 20 minutos.

Quando estiver pronto, corte em pedaços e sirva.

PS1: Essa receita leva sardinha e palmito, mas para a Candinha ela tinha uma função bem frugal, pois podia receber qualquer ingrediente que estivesse sobrando na geladeira. Lembro de vê-la fazer com carne moída e vagem picada, com carne moída e chuchu, com sobras de frango, sobras de peixe, salsicha picadinha, legumes picados, etc. etc. etc..

PS2; A Candinha tinha o hábito de dispensar a batedeira e fazer todo o preparo no liquidificador. Batia a salsinha e a cebolinha junto com a massa, e com isso o bolo salgado acabava virando uma torta verde. Visualmente ficava bem interesante, ainda mais se a intenção fosse comemorar o Dia de São Patrício à moda da Irlanda.Mas a diferença era só visual. O sabor permanecia quase o mesmo. Daí, fica ao gosto de cada um (Chiquinho)

Foto Candinha #5 (Com Margarida em Brasilia)

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Candinha e Margarida juntas, Agosto de 1985 (Fabrício).

Foto Candinha #4 (Familia Reunida, 1950)

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Foto feita para o Sr. Francisco Simões mostrar sua família aos parentes em Portugal (era a primeira vez que voltava à terrinha). Também deve ser a última foto da Candinha antes de ficar viúva. Quando ele voltou de Portugal, o genro Gaspar já havia morrido (Fabrício).

Foto Candinha #3 (O Casamento)

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Candinha e Gaspar. O ano é 1930 (Fabrício).